domingo, 22 de janeiro de 2012

Água salgada e areia

Há muito tempo, quando só havia terras e água doce...

Era uma linda jovem, era magra, era seios fartos, era o que muitos sonhavam. Não era muito alta, era doce na voz, ácida no jeito, a mistura lhe fazia bem. Ele gostava dela, ela o amava. E por muito tempo foram assim próximos, bem próximos, sem nada mais que isso.

Ela o amava, ela realmente amava ele. Ele não percebia, e assim foi sempre. Ele sempre bem cercado. Sempre com quem queria e até com quem não queria, só que aproveitava as oportunidades. E um dia, ele gostando dela, resolveu colocar ela em sua vasta lista de conquistas. E assim foi, conquistou mesmo. E ela o amava, ela realmente amava ele. Ele gostava dela. Eles ficaram mais próximos, muito mais próximos que antes, muito mais próximos que ele costumava ficar das outras. Isso passou a ser um incomodo, passou a ser algo que lhe talhava o sono. Ele não queria ser indelicado, mas não queria deixar sua vida antiga pela menina nova. O egoísmo o consumia.

Ele a ignorou, por dias e semanas. Onde via que ela estava saia sem dar a ela oportunidade de conversar. Se sabia que ela sairia para algum lugar, não saía. Se descobrisse que ela estava chegando, embora ele ia. Ela o amava, ela realmente amava ele. Então ela chorou, ela chorou muito. Ele continuo, dia a após dia como antes. Ela não entendia por que ele a fez sofrer, ela o amava. Ele gostava dela, não tanto a ponto de passar por cima dos seus próprios interesses para ser delicado com ela.

Aos poucos as lágrimas secaram nela e nele a saudade dela bateu. Foi então que ele aos poucos percebeu que amava ela. Tarde já era. Ele foi atrás dela. Ela o aceitou. Ela o amava, mesmo? Não mais, era tudo sórdida vingança. Sórdida porém prazerosa. Eles voltaram a ficar tão próximos. Ele a amava, ele realmente amava ela. Ela adorava a vingança. E ela o ignorou. Ele chorou, chorou.

As lágrimas secaram de ambos, as saudades sempre voltavam em ambos. O orgulho dos dois segurava eles. E tanto amor se perdia.

O que tudo criou então achou pertinente intervir. Disse à ele que como exemplo para todos ele jamais poderia voltar a tê-la em seus braços. E para ela disse que ela jamais poderia sentir ele plenamente outra vez. E ao dois disse: estarão um ao lado do outro, dia após dia, se tocando, sem poder mais nada. Ao homem caberá beijá-la todos os dias, mas apenas seus pés. E à mulher caberá sentir o beijo apenas. O homem será o mar, água salgada, para ter o gosto ruim do teu egoísmo ridículo. A mulher será a orla, areia salinizada, para não gerar frutos como sua vingança torpe.

Por fim ele completou: vocês ficaram assim se encontrando e separando, sem jamais poderem aproveitar o que todos os outros casais podem. Serão sempre o egoísta e a vingativa, e aquele amor de vocês sempre estará guardado e apenas guardado.

E pela eternidade ele ficaram assim... E ainda ficam...

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